Aos sessenta anos de romantismo, evoco como se estivesse vendo na passarela do tempo o desfile de nosso caminhar desde as 16 e 18 primaveras da adolescência aos 76 e 78 invernos de uma quase senilidade.
Tudo começou naquela tarde, 4 de abril de 1930, quando o Senhor Bom Jesus dos Passos uniu nossos passos para acompanhá-lo em procissão pelas ruas do Recife. Namoro e noivado emoldurados pelo paraíso verde e pitoresco de nossa estremecida Rua de São João em Casa Amarela. Benção nupcial festiva ante o altar da Sagrada Família no interior da imponente Catedral de Maceió. Ventura de concretizarmos o tão almejado fruto de nosso amor na pessoinha de nossa imensamente querida filha Hílcinha.
Vinda para o Recife e, após oito anos de incomparável sonho, a realização de nos instalarmos em nossa casinha própria, construída sob medida para abrigar a nossa felicidade e residência de quase meio século.
Trabalho duro e constante, Lúcia como dona de casa e eu nos Correios e magistério a fim de assegurarmos o conforto, o bem estar o lazer e as diversões de nossa família.
A multiplicação de nosso crescente amor com o nascimento sucessivo de seis netos e onze bisnetos. As lamentáveis perdas de nossos entes queridos e de minha visão, por mais dolorosas, não chegaram a abalar os alicerces de nossa ventura conjugal.
E aquela garotinha de azul e branco da Técnico-profissional de 1930, a bonequinha de meus sonhos de rapaz... O meu amor é agora infinitamente maior.