O ano de 30 foi para mim o início de uma nova etapa de vida. Em 4 de abril, na Procissão do Senhor dos Passos, conheci e comecei a namorar com minha esposa Lúcia de Oliveira Carvalho. Ela era aluna da Escola Técnica Profissional, morava na Rua de São João, em Casa Amarela. Aos dezoito anos, foi ela a minha primeira namorada por quem me deixei apaixonar. Com Lúcia, eu experimentei o enlevo dos olhares, dos sorrisos, das mãos dadas, da troca de carta e postais, conforme o figurino da época.

A vida suburbana “casamarelense” me deslumbrava – manhãs luminosas, sítios arborizados, quintais e jardins floridos, as feiras no pátio do mercado, as festas juninas... Tudo quanto vivi, num preito de saudade, procurei reconstituir no meu romance O RAPAZ DA VILA MARIA.

Os anos seguintes da “Revolução salvadora” (31 a 1932) foram amargos para o meu pai. Havia uma espécie de obsessão em punir fosse lá quem fosse. E, na direção dos Correios, veio parar uma pessoa, confessadamente, inimiga dos intelectuais. De pronto, as perseguições contra o escritor e professor Mário Sette se fizeram apresentar.

Na ocasião, um intelectual e raro valor emergente dessa Revolução, o escritor José Américo de Almeida, Ministro da Aviação, interferiu na resolução desses maus momentos. Meu pai viu-se nomeado Diretor do Correios e Telégrafos de Alagoas. Por essa razão é que fomos morar em Maceió.

A afetuosidade e o apego, que nossos pais tinham pelos filhos, dificultavam a nossa separação. Em fins de 1932, eu cursava o segundo ano da Faculdade de Direto. E Hoel, o primeiro ano da Faculdade de Medicina. Ao mano era impossível afastar-se do Recife. Para mim, foi mais fácil. Naquele tempo, muitos colegas trabalhavam no interior e nos Estados vizinhos e vinham, somente, fazer provas parciais e finais na Faculdade. Eu poderia fazer o mesmo, mas como me separar de Lúcia... Àquela altura, já minha noiva oficial, desde 11 de outubro de 1931. Eu os acompanhei para Maceió, sim, mas levei comigo a minha Lúcia para habitar o nosso lar.

Meus pais não vacilaram em enfrentar preconceitos, satisfações à sociedade, possíveis fofocas entre os parentes... Contudo, em 9 de dezembro de 1933, minha noiva passou a se chamar Lúcia de Carvalho Sette. Recebemos Benção Nupcial do Padre Valença, no altar da Sagrada Família, na Catedral de Maceió.