Esvaziaram-se de luz
As retinas de meus olhos...
Nunca mais a percepção nostálgica
De uma folha outoniça que cai...
Nem o vislumbre coreográfico
Do vôo irrequieto das borboletas...
Ou mesmo a felicidade fisionômica
De um pré-sorriso de criança
Não mais...
Apenas, sombras, sombras, sombras...
Sombras que ainda me permitem
Desviar dos postes e vasilhames de lixo
Das calçadas...
Mas Senhor, como Vos agradeço
O milagre de poder ver melhor
O caminho que me levará, decerto,
Até onde não precisarei de olhos para enxergar...